sábado, setembro 23, 2006

95% dos financiamentos de imóveis apresentam problemas de resíduos

Os financiamentos imobiliários estão em alta, mas segundo a ANM (Associação Nacional dos Mutuários), é preciso ter muito cuidado. De acordo com um levantamento da entidade, 95% dos contratos têm problemas com resíduo – valor que não é amortizado no decorrer do pagamento das parcelas.

O problema, segundo a ANM é que esse resíduo é de responsabilidade do próprio banco, já que não é previsto no contrato de financiamento. E esse resto a pagar ainda é excessivo – em alguns casos o mutuário paga, ao todo, o dobro do valor do imóvel.

Quem percebeu isso do pior modo possível foi a funcionária pública Nélia Maria Conceição Cordeiro, 42 anos. Ela e o marido Paulo da Cruz Madeira, 53 anos, entraram numa fria ao transferirem para si um imóvel financiado, que valeria hoje R$ 90 mil. “Nós compramos a casa, por coincidência, de uma funcionária da Caixa Econômica Federal, que é amiga minha há mais de 10 anos. Ela tinha feito o financiamento do imóvel mas foi transferida para Ribeirão Preto, então tinha que passar para frente”, conta. “Achávamos que ia ser um bom negócio comprar essa casa. Demos para essa minha amiga o valor que tinha pago, R$ 30 mil, e ficamos com o resto das dívidas. Só que a gente não sabia que ela tinha financiado 100% do imóvel.”

Com juros, o caso de Nélia, se complicou cada vez mais. Tanto é que mesmo depois de 204 parcelas – 17 anos de pagamento todo mês –, o saldo devedor é quase três vezes o valor do imóvel financiado: R$ 235 mil. Até a ANM, que já viu de tudo, classifica o caso como “grave”.

O saldo devedor de Nélia é uma bomba-relógio vai estourar em três anos, quando a última parcela fixa do financiamento será paga. “Quando terminar vamos ter de refinanciar o saldo devedor, que hoje está em um valor absurdo”, conta.

“A Caixa fez a proposta de refinanciar o imóvel, avaliando no preço de mercado”. Essa última alternativa seria uma boa, se o casal não tivesse feito uma reforma na casa. “Investimos mais R$ 30 mil, aumentando a área de construção. Agora, se a Caixa vier analisar o imóvel, vão incluir esse valor como se fosse do financiamento. E se eles tomarem nossa casa, vão ter R$ 30 mil de graça”, conta Nélia.

Assim, a funcionária pública decidiu tomar outro rumo. “Ficamos sócios da ANM, que ajuda por meios jurídicos as pessoas com problemas”, diz. “Pelo que a advogada da Associação mostrou para a gente, acho que existe boa chance de dar certo.”

Fonte: Daniel Trielli - Do Diário do Grande ABC

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