sábado, setembro 23, 2006

Juros mais baixos? Esperamos que sim.

Com desconto em folha, bancos prometem baixar juro do imóvel

Bancos e construtoras afirmam que a regulamentação da concessão de crédito com desconto em folha de pagamento (consignado) para a compra ou construção de imóveis vai permitir a redução dos juros de empréstimos habitacionais. Empresários, entretanto, fazem um alerta: essas operações representam um risco maior para o tomador.

Em entrevista publicada pelo "Globo", o ministro Guido Mantega (Fazenda) afirmou que dentro de duas semanas o governo planeja liberar a concessão de crédito consignado para habitação.

O diretor de crédito imobiliário da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), Natalino Gazonato, afirmou que os bancos terão uma garantia adicional para conceder empréstimos para a compra de imóveis, o que possibilitaria a "revisão" dos juros.

Ele lembra, entretanto, que o governo vai precisar fazer uma alteração na lei que regulamenta o empréstimo consignado, que hoje limita o prazo de pagamento desses créditos a 36 meses.

"Há empréstimos habitacionais hoje com prazo de pagamento de 15 a 20 anos. Suponho que hoje, com a estabilidade da economia, há condições de manter esses prazos para o crédito consignado exclusivamente no caso da habitação", afirmou.

Já João Claudio Robusti, presidente do Sinduscon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil de São Paulo), disse que o crédito consignado só é positivo com o uso responsável.

Robusti lembrou que com a mudança proposta pelo governo o comprador do imóvel deve estar consciente de que deixará de receber uma parcela do salário por vários anos porque o dinheiro será descontado automaticamente de sua folha de pagamento.

Ele afirmou que o crescimento dessa modalidade de crédito principalmente entre os aposentados levou a muitos casos de dificuldade para quitar as parcelas mesmo com um limite do prazo de pagamento de 36 meses.

Robusti também defendeu que essa modalidade de crédito só seja liberada para o mercado formal de habitação. "O cidadão teria que usar o dinheiro para comprar ou construir imóvel regular, com escritura e alvará, e não para fazer puxadinho", disse.

TR
Outra mudança que deverá ser feita pelo governo envolve a TR (taxa referencial). A lei não permite a cobrança de juros variáveis nos empréstimos consignados, mas os contratos imobiliários dentro do SFH (Sistema Financeiro da Habitação) são indexados a uma taxa variável, a TR.

Mantega afirmou que o governo planeja permitir a desindexação dos empréstimos habitacionais à TR, o que levaria os bancos a oferecer taxas fixas a seus clientes mesmo com os recursos da poupança.

O SFH utiliza hoje recursos da caderneta de poupança, que pagam ao investidor TR mais 6%. Já os juros para a compra de imóveis dentro do SFH são de TR mais até 12%.

Para o diretor-geral da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança), Osvaldo Correa Fonseca, o "descasamento" dessas taxas à TR não vai aumentar o risco bancário nessas operações porque o Brasil já deu mostras de estabilidade econômica e não há previsão de surtos inflacionários.

Gazonato, da Febraban, lembra que muitos bancos oferecem taxas fixas fora do SFH e que os bancos já embutem esse risco nos juros cobrados --enquanto os empréstimos com TR atingem no máximo 14,5%, as taxas fixas seriam de cerca de 16% a 17%.

"Descasado da TR, o dinheiro da poupança contribuiria para aproximar essas taxas", afirmou.

Expansão

De acordo com dados da Abecip, o volume de empréstimos bancários para a compra de imóveis deve saltar de R$ 3 bilhões em 2004 para quase R$ 9 bilhões neste ano.

Fonte: Folha Online

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